quarta-feira, 29 de junho de 2016

Não faltaram planos, faltou amor.




    Mais uma noite comum. Mais um dia terminando. Mais uma vez vou chegar em casa e você não vai estar lá. Não vou ter suas risadas para me fazer esquecer os problemas do trabalho, nem nossas conversas cheias de planos para o nosso futuro. O futuro que não teremos mais. Parecia tão certo, não parecia? 
   Nós, nossos planos, nossas motivações. Tudo se encaixava tão bem. Nós éramos um casal que sentia orgulho um do outro. Nós nos amávamos, não é? 
   Pelo menos eu, eu te amei demais, tanto quanto pude, o suficiente para que quando você começou a dizer sobre querer um tempo para pensar se realmente era aquilo que queria para sua vida, se ainda era eu quem você queria, eu não acreditei. Brincadeira sua, de mal gosto, mas só mais uma das suas brincadeiras. 
   Então, eu esperei em silêncio até que finalmente você desse risada, daquele jeito que sempre fazia, e viesse em minha direção me beijar. Porém, isso nunca aconteceu. Na realidade, eu fiquei em silêncio apenas escutando você listar todos os inúmeros motivos - e, nossa! Você tinha tantos - para temer que não desse certo. 
   Nossa casa, antes perfeita para vivermos com nossos filhos, tinha se transformado em algum lugar insuficiente para qualquer coisa, como se não pudéssemos pensar em outro lugar. Tudo, qualquer mínimo detalhe, você conseguiu achar algum defeito que justificasse você arrumar suas malas e ir embora. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa para tentar fazer você ficar. Antes que eu pudesse encontrar alguma solução para todos os novos problemas. 
   Entretanto,  você sabia, você sempre soube, que todos essas coisas, por menores ou maiores que fossem, não eram o verdadeiro motivo de você ir. E mesmo apesar disso, você escolheu colocar a culpa do nosso fim em coisas futuras, do que me olhar no fundo do olho e admitir que a verdade, sem desculpas esfarrapadas, era que não importava o quanto a gente mudasse os planos, o quanto a gente tivesse outras ideias, nada seria o suficiente para te fazer ficar. Porque a verdade verdadeira é que você não queria ficar, de jeito algum, não comigo.
   Mais uma noite comum. Mais um dia terminando. Mais uma vez chego em casa e você não está lá. E de todas essas coisas e inúmeras outras, a que mais me dói e atormenta é que você nunca teve culhão de me dizer o verdadeiro motivo de ir. E por isso, a sua partida se tornou mais difícil de aceitar, pois você não conseguiu me olhar e dizer que não estava me aguentando mais, que de repente todo o encanto que sentia por mim havia acabado. 
   E me deixou pensando no que eu poderia ter feito pra você ficar, me deixou com o sentimento de culpa por não ter feito nada, me deixou e deixou tudo o que planejamos. 
   Mas agora, com o celular na mão, vendo você feliz ao lado dele, realizando nossos planos com ele, tenho a certeza de que a culpa não foi dos planos. Foi o amor. Ou melhor; a falta dele. 

    Eu te amei. Mas você não me amou, não é?                               Não, não amou.

Nenhum comentário :

Postar um comentário