quarta-feira, 20 de abril de 2016

Nem toda mulher nasceu para ser bela, recatada e do lar.



  Essa semana, a revista Veja, que dispensa comentários sobre o seu jornalismo pretensioso e imparcial (além de grotesco), trouxe em sua capa a vice primeira-dama Marcela Temer, esposa de Michel Temer. Uma mulher que, segundo a própria Veja enaltece em sua capa, é Bela, recatada e do lar. Ao longo da matéria, a revista ainda elogia o fato de Marcela ser discreta, falar pouco e usar saias na altura do joelho. Para piorar, a Veja coloca a vice primeira-dama na posição de um exemplo de mulher que todas as outras deveriam ser; á sombra, nunca à frente.

  Não demorou muito para a internet se pronunciar sobre a matéria e logo Bela, recatada e do lar viralizou entre as mulheres que não se encaixam e nem querem se encaixar nesse padrão. Como? Explico. Os três adjetivos usados para enaltecer Marcela Temer, começaram a acompanhar fotos em que as mulheres apareciam em situações ou roupas que, para a sociedade tradicional, não se encaixaria nos tais adjetivos. De meninas com roupas curtas, bebendo até dançando até o chão... Tudo para mostrar que nem só de belas, recatadas e do lar é feita uma sociedade.

  O problema maior da matéria, não são os elogios dirigidos à Marcela. Afinal, não tem nada de errado ser alguém recatada e do lar se assim escolher, o problema em questão foi o fato de fazer de mulheres como ela as únicas que merecem respeito na sociedade. Quando, na verdade, qualquer mulher, independente da sua escolha de como viver, merece o mesmo respeito. Além de claro, como sempre é feito, na maior parte com as mulheres, definir um padrão a ser seguido.

  Ser bela, recatada e do lar pode sim funcionar para uma parcela de mulheres, mas nem todas as brasileiras se encaixam nessas três palavras e elas não devem ser consideradas inferiores por isso. Veja, com essa matéria, mostra-se mais uma vez revista sexista e que tenta ditar um padrão da mulher ideal. Uma mulher que vive ás sombras e nunca á frente, no meu ver é surreal e assustador. Uma mulher que não fala por si, que aceita sem objeções o que lhe é imposto. Uma mulher, revista Veja, que eu nunca fui, não sou e nunca quero ser.

  Impor um padrão perfeito, exclui todas as outras mulheres que não são menos mulheres por não contemplar esses adjetivos inseridos na capa da revista. Bela? Recatada? Do lar? Não nasci para ser obrigada a fingir ser algo que para a sociedade é aceitável. E sinto dizer, revista Veja, muitas outras mulheres brasileiras também não. E não há nada de errado nisso.
  

Um comentário :